Boletim de Conjuntura de Goiás

Dados de IBC-Br sugere crescimento econômico de 4,5% em 2021

Boletim de Conjuntura Econômica de Goiás – Nº 142, fevereiro de 2022

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE acaba de divulgar os últimos dados relativos ao comportamento dos setores de indústria, comércio e serviços no ano de 2021. De um modo geral, tais dados sugerem que a economia brasileira fechou o ano passado com resultados positivos. No acumulado do ano, houve crescimento de 3,9% da produção industrial, de 1,4% do volume de comércio varejista e de 10,9% dos serviços, a maior expansão desse último setor registrada pela série histórica do IBGE, iniciada em 2012. Na comparação com o mês de novembro/2021, houve aumento de 2,9% da produção industrial em dezembro/2021, de 1,4% do volume de serviços e o comércio varejista permaneceu praticamente inalterado (- 0,1%). 

 

Em Goiás, também houve expansão desses três setores em dezembro/2021 na comparação com o mês imediatamente anterior. A indústria apresentou crescimento forte, de 8,8%, o volume de comércio varejista teve elevação de 0,4% e os serviços cresceram 1,5%. Já no acumulado do ano, o estado não apresentou a mesma performance observada em nível nacional. A indústria fechou em queda de 4,0% e o comércio varejista recuou 0,5%. Por outro lado, o setor de serviços goiano, a exemplo do ocorrido em nível nacional, também apresentou em 2021 o maior crescimento da série histórica do IBGE, com elevação de 12,6%. 

 

A dinâmica diferenciada do setor de serviços em Goiás e no Brasil se deve principalmente à base de comparação, haja vista que muitos serviços que o compõe (como hotéis, restaurantes, bufês, boates, práticas esportivas, espetáculos, etc.) requerem atividades presenciais, que estiveram impedidas de serem realizadas em boa parte do ano de 2020, que é a base de comparação dos resultados de 2021. Isso também explica parte da dinâmica da indústria e do comércio, só que em menor proporção, já que sua operação não foi interrompida da mesma forma que muitos serviços. Na medida em que foi ocorrendo avanço do processo de vacinação e redução do número de óbitos causados pela Covid-19 no país, muitas pessoas que ainda resistiam a sair de casa mesmo após a flexibilização das medidas de distanciamento social, passaram a fazê-lo, aumentando seus gastos com o consumo de bens e serviços. 

 

Caso o IBGE confirme os resultados do IBC-Br, do Banco Central, a economia brasileira cresceu 4,5% em 2021, recuperando-se da queda de 4,1% ocorrida em 2020. Mas vale lembrar que, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C), do IBGE, no trimestre de 2020 terminado em janeiro (portanto, antes da pandemia), o país contava com cerca de 12,2 milhões de pessoas desocupadas, sendo que os últimos dados disponíveis (relativos ao trimestre de 2021 terminado em novembro) dão conta de 12,4 milhões de pessoas nesta condição. Considerando que nesses dois períodos o número de pessoas na força de trabalho (ocupadas mais desocupadas) permaneceu praticamente o mesmo (107,3 milhões), os indícios são de que não houve melhora significativa do mercado de trabalho doméstico. Pelo contrário, os resultados da PNAD-C sinalizam que está ocorrendo aumento da informalidade e redução do salário médio real dos trabalhadores no país.

 

Para o ano de 2022, os primeiros resultados para esses três setores devem ser divulgados pelo IBGE apenas no mês de março, em razão da dinâmica de coleta, uma vez que, por óbvio, as informações das empresas só ficam disponíveis após a finalização do mês de referência de cada pesquisa. Mas o órgão já apresentou os dados de inflação do mês de janeiro/2022, que não vieram bons. Tanto o Brasil (0,54%) quanto Goiânia (0,74) apresentaram seus maiores resultados para o mês de janeiro desde de 2016, acumulando 10,38% e 11,32%, respectivamente, nos últimos 12 meses, medidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Continuam pesando sobre o processo inflacionário os fatores climáticos e a taxa de câmbio. Se no passado os preços de alguns produtos agrícolas foram impactados pelas geadas e pela seca prolongada, isso agora se junta ao excesso de chuvas, que dificulta a colheita e gera perdas de produtividade em diversas regiões produtoras do país, contribuindo para elevar os preços de frutas, verduras e legumes. No caso da taxa de câmbio, seus impactos mais diretos continuam sendo vistos com mais frequência nos preços dos combustíveis, que acumulam alta de 44,5% em Goiânia nos últimos 12 meses e de 44,11% no Brasil.

 

Ao lado da perda do poder de compra da população, está o aumento dos juros domésticos pelo Banco Central, em busca da contenção do processo inflacionário. A taxa Selic, que até março de 2021 estava em 2,0% ao ano, foi alçada a 10,75% na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), encarecendo ainda mais o crédito para consumo e para investimento. Levando em conta o patamar elevado da inflação anualizada e a defasagem dos efeitos da política monetária, há indícios de que neste ano a economia brasileira vai operar com um dos cenários mais desafiadores do ponto de vista de política macroeconômica: inflação alta e crescimento baixo.

 

 

Fonte: Ascom | FACE